A chegada do novo ano agrega uma atualização dos preços em vários sectores, que prometem impactar a carteira dos portugueses. Do aumento das rendas na habitação, ao fim do IVA Zero, a partir de 1 janeiro nada ficará igual.
As três principais operadores em Portugal, Meo, Vodafone e NOS, vão aumentar os seus preços, o pão vai ficar mais caro, para fazer face aos custos de produção, a eletricidade vai subir 3,7% para as famílias que estão no mercado regulado, sendo que as restantes operadoras do mercado liberalizado ainda não anunciaram o valor das subidas. Na água, a Empresa Portuguesa das Águas Livres (EPAL) vai aplicar em Lisboa um aumento indexado à inflação de 3,3%.
Uma das áreas que mais preocupa os portugueses é a habitação, onde as rendas vão ser atualizadas no seu valor mais alto, em 6,94%. Para alguns inquilinos a subida poderá, no entanto, ser mais acentuada já que a lei permite ao senhorio somar a este valor o dos dois anos anteriores — caso tenha optado por não atualizar as rendas em 2022 e 2022.
Nestes casos, aos 6,94% podem, assim, ser somados, os 2% permitidos em 2023 e os 0,43% relativos ao ano anterior. Mas pode também suceder que não haja aumento, já que a atualização das rendas não é obrigatória e o senhorio pode optar por não o fazer. Para atenuar o esforço dos inquilinos com este aumento esperado para 2024, o apoio à renda foi alargado em 4,94%. Em causa está um reforço do subsídio atribuído a famílias com uma taxa de esforço superior a 35% com o pagamento da renda.
Também as chamadas rendas antigas (que já não vão transitar para o Novo Regime do Arrendamento Urbano – NRAU) vão também poder ser atualizadas com base no coeficiente que resulta da inflação, uma solução que mereceu fortes críticas por parte das associações de proprietários.
“O mercado em geral está a apostar em força em começarem a verificar-se descidas a partir de março ou abril. Acho que os banqueiros que fazem parte do Banco Central Europeu vão ser mais conservadores e tentar arrastar essa descida mais para a frente, mas entre março e junho estou convencido de que vamos ter um alívio das taxas de juros. Se for logo em março 0,25% é o mais provável, se for mais para a frente apostava em 0,5% para animar as economias”, refere o economista João Duque em declarações à “SIC Notícias”.
O tabaco também vai ter um aumento de, pelo menos, 30 cêntimos, juntamente com as bebidas alcoólicas, cujo imposto vai ter uma subida de cerca de 10%.
A partir do dia 4 de janeiro termina o IVA Zero em produtos básicos alimentares, o que faz com que seja espectável um aumento de preços em todo o tipo de produtos alimentares, do leite, aos legumes e à fruta, uma vez que as taxas de iva vão voltar a rondar os 6% e os 23%. Esta medida foi prolongada perante a “dificuldade operacional” do retalho, tal como referiu o ministro das Finanças, Fernando Medina, na semana passada.
“Os portugueses vão já sentir a subida de alguns bens só pelo facto de passarem para o regime do IVA normal. O fim da taxa zero aplicada a um cabaz razoavelmente elevado de bens leva a que esses bens tenham uma subida súbita de preços aponta o economista, acrescentando que esta medida teve resultados positivos porque se não houvesse essa medida os preços eram mais elevados.
“Apesar dos portugueses se queixarem de que muitos dos bens que foram afetados por esta medida praticamente não mexeram no preço, mas não mexeram porque quando a medida foi implementada, a variação dos preços bens alimentares durante quase um ano andou face ao ano anterior sempre acima dos 15%”, afirma João Duque.
As embalagens de plástico podem vir a ter um preço superior aos atuais 30 cêntimos em janeiro, sendo que as embalagens de alumínio do take-away também vão passar a ter um custo associado no início do ano. Para além disto, os sacos de plástico para venda a granel, como a fruta e legumes, vão ter um custo de quatro cêntimos. Os medicamentos mais baratos também poderão registar um aumento em 2024, segundo informa a associação nacional de farmácias (ANF).
A nível de transportes, apesar do passe Navegante, em Lisboa, manter os mesmos preços. Os estudantes entre os 4 e 23 anos terão passes gratuitos. Já o Andante, o preço de um bilhete Z2 (permite circular entre duas zonas contíguas) passa de 1,30 euros para 1,40. O mesmo aumento nominal verifica-se nos títulos Z3, que passam de 1,70 euros para 1,80 euros, e nos títulos Z4, que passam de 2,15 euros para 2,25 euros.
A partir dos títulos para atravessar cinco zonas (Z5), o aumento é superior (20 cêntimos), passando dos 2,55 euros atualmente em vigor para 2,75 euros. Já os títulos Z6, os últimos da tabela disponibilizada pelo TIP à Lusa, sofrem também um aumento de 20 cêntimos, passando de 3,00 euros para 3,20 euros.
Quanto aos títulos diários Andante 24, no caso dos Z2 passam de 4,70 euros para 5,15 euros, os Z3 de 6,05 euros para 6,65 euros, os Z4 de 7,55 euros para 8,30 euros, os Z5 de 9,05 euros para 9,90 euros e os Z6 de 10,75 euros para 11,80. Os títulos Andante Tour 1 (que permitem viagem em toda a rede durante 24 horas) sofrem também um aumento de 50 cêntimos, passando dos 7,00 euros atuais para 7,50 euros, e os Andante Tour 3 (permitem viagens em toda a rede durante 72 horas) aumentam de 15 para 17 euros.
Mantém-se os preços de 30 euros para o Andante 3Z ou Municipal — para deslocações em 3 zonas ou dentro de um só município — e 40 euros para o Andante Metropolitano, bem como de 40 euros para os passes 3Z_IR e Municipal_IR, e de 50 euros para o Metropolitano IR.
O mesmo não se pode dizer sobre os bilhetes de comboio da CP, que vão ver um aumento de preço de 6,25% nos bilhetes para o alfa pendular e para o celta e de 6,43% para os restantes. Também as portagens vão subir, devido à inflação as concessionárias vão fazer um aumento de 2,04% nas portagens.
O subsídio de desemprego mínimo vai registar uma subida de 33 euros, passando dos 552 euros para os 585 euros, e o máximo subirá 75 euros, para 1.273 euros.