O júri, ao qual presidiu Guilherme d`Oliveira Martins, membro da Academia das Ciências de Lisboa, escolheu José Pacheco Pereira, 74 anos, “atendendo ao seu percurso de vida no tocante ao empenhamento em prol da defesa do interesse público, em especial quanto ao conhecimento histórico e à preservação do património cultural, graças à criação da Biblioteca e Arquivo Ephemera, que tem permitido a reunião de documentos e objetos únicos, indispensáveis para a melhor compreensão dos acontecimentos da história política portuguesa”, lê-se na declaração enviada à agência Lusa.
O ex-deputado “recolheu, classificou, organizou e estudou de forma sistemática documentação sobre a vida política portuguesa”.
Pacheco Pereira dedica-se desde há muito à preservação de livros, periódicos, documentos e objetos ligados à memória da história contemporânea portuguesa, criou e mantém o Arquivo/Biblioteca Ephemera, no Barreiro, “o maior arquivo privado português”, recorda o mesmo documento.
A sua biblioteca pessoal, instalada na Marmeleira, no distrito de Lisboa, onde reside, tem cerca de 110.000 volumes, sendo apontada como uma das maiores bibliotecas particulares do país.
O júri recorda ainda que, “desde muito novo”, José Pacheco Pereira “foi participante ativo em movimentos políticos de oposição” à ditadura, regime anterior ao 25 de Abril de 1974.
No liceu Alexandre Herculano, no Porto, dirigiu o jornal dos estudantes, Prelúdio, que fora fundado por José Augusto Seabra e Manuel Alegre.
Pacheco Pereira foi professor de vários graus de ensino, deputado pelo Partido Social Democrata durante três legislaturas, tendo sido líder parlamentar. Fez parte da delegação da Assembleia da República à Assembleia da NATO e foi presidente do subcomité da Europa de Leste e da ex-URSS, e da Comissão Política da Assembleia do Atlântico Norte. Foi, também, vice-presidente do Instituto Luso-Árabe de Cooperação.
Eleito pelo PSD ao Parlamento Europeu, foi vice-presidente deste órgão entre 1999 e 2004.
Colabora regularmente na imprensa, na rádio e na televisão, sendo autor do programa do canal televisivo por cabo SIC Notícias “Ponto Contraponto”, e fez parte do “painel do mais antigo debate político português a ‘Quadratura do Círculo'”, atualmente designado “O Princípio da Incerteza”.
José Álvaro Machado Pacheco Pereira nasceu a 6 de janeiro de 1949, no Porto. Professor universitário e comentador político, licenciou-se em Filosofia, em 1978, pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, tendo ainda o curso complementar de Ciências Pedagógicas.
O seu primeiro livro foi editado em 1971, “As Lutas Operárias contra a Carestia de Vida em Portugal: a Greve Geral de Novembro de 1918”, ao qual se seguiram cerca de uma dezena de títulos, entre os quais “As Armas de Papel. Publicações periódicas clandestinas e do exílio ligadas a movimentos radicais de esquerda cultural e política (1963–1974)” (2013) e uma biografia do líder comunista Álvaro Cunhal em cinco volumes publicados entre 1999 e 2015.
É autor dos blogues Abrupto, Estudos sobre o Comunismo e Ephemera.
Em junho de 2005 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, pelo então Presidente da República, Jorge Sampaio.
Desde 2013, é sócio correspondente da Classe de Letras da Academia das Ciências de Lisboa.
Além de Guilherme d’Oliveira Martins, que presidiu, o júri foi ainda constituído por Maria Carlos Gil Loureiro, da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, José Manuel Mendes, presidente da Associação Portuguesa de Escritores, Manuel Frias Martins, presidente da Associação Portuguesa dos Críticos Literários, e, a convite da Estoril Sol, o escritor Liberto Cruz, o jornalista José Carlos de Vasconcelos, distinguido com este mesmo galardão em 2017, a diretora para a Educação, Ciência e Cultura na Organização de Estados Ibero-Americanos, Ana Paula Laborinho, e ainda pelo jornalista Dinis de Abreu, em representação da Estoril Sol.
O galardão foi entregue pela primeira vez em 2016 ao ensaísta Eduardo Lourenço. José Carlos Vasconcelos recebeu-o em 2017, o escritor e investigador Vítor Aguiar e Silva, em 2018, a atriz Maria do Céu Guerra, em 2019, o fadista Carlos do Carmo, em 2020. Em 2021, o gestor e jurista Emílio Rui Vilar, ex-administrador executivo da Fundação Calouste Gulbenkian, foi o distinguido. No ano passado, foi a vez da pintora Graça Morais.
A cerimónia da entrega do Prémio será “anunciada oportunamente”, indicou a Estoril Sol.
Leia Também: Mickey tornou-se de domínio público é já protagoniza filmes de terror