O projeto Brasil Já será mais que uma revista mensal impressa em Portugal, com uma tiragem de dez mil exemplares, pois engloba também versões digitais, adiantou aquele responsável.
Na prática, “é um órgão de comunicação de múltiplas, que tem uma publicação mensal impressa e que está presente também no digital, no site e nas redes sociais”, afirmou.
O projeto pertence à empresa familiar Tarefaprazível, que tem como acionistas Gabriela Santos da Silva Lopes Siqueira (com 50%), mulher do deputado e um dos fundadores do PT – Partido Dos Trabalhadores do Brasil Washington Quaquá, e Ione Cardoso Siqueira (50%), confirmou o diretor de informação da revista e do site.
“Elas têm no Brasil outras empresas, também na área de comunicação, e uma editora”, adiantou.
O deputado do PT, partido de Lula da Silva, tem na revista um artigo de opinião assinado, onde é identificado como cientista social e um dos fundadores daquele partido.
Porém, explicou Nonato Viegas, não é ele que está à frente do negócio, porque passa menos tempo cá “por conta do mandato de deputado do PT no Brasil”, mas “a empresa, que é familiar, também conta com a sua participação”.
“Uma empresa familiar é isso, e é algo também que não é secreto”, sublinhou.
Estes investidores brasileiros “trouxeram as suas empresas para cá, para investir aqui, perceberam uma área de negócio (…) para imigrantes de língua portuguesa, especialmente brasileiros”, frisou.
“Eu sou jornalista há 20 anos e me mudei para cá mais recentemente, há um ano”, porque “acreditei mesmo que era capaz de a gente conseguir formar um grupo de comunicação social dentro dos valores democráticos, que entende a democracia como um valor em si mesmo, que entende a pluralidade como um valor democrático, que entende direitos humanos como valor democrático”, realçou.
No Brasil, ao longo da sua carreira de 20 anos, Nonato Viegas esteve nas revistas Veja e Época, entre outros meios de comunicação social brasileiros, como o jornal Globo. Quando foi convidado para editar a revista, os acionistas disseram-lhe que “o objetivo era zerar”, não havia a meta dos lucros, disse.
“Os acionistas entendem o papel de um órgão de comunicação social para a democracia, para a inclusão, para a integração, principalmente a dos imigrantes e estrangeiros”, e o lucro vem para eles de outras empresas, afirmou.
“O nosso objetivo é atender leitores de língua portuguesa em Portugal e na Europa, inclusive os portugueses emigrados na Europa”, destacou.
A revista impressa vai para as bancas só em Portugal, mas alguns dos seus conteúdos vão ser disponibilizados no site, pensando nos leitores de língua portuguesa na Europa.
“O site pretende alcançar leitores de língua portuguesa em Portugal e na Europa. E aí a gente está falando de brasileiros, especialmente. Eu sou brasileiro e o os donos são brasileiros (…) Então é impossível a gente ignorar que os brasileiros serão o público especialmente mais atendido. Mas também pretendemos alcançar leitores de língua portuguesa, como africanos e os próprios portugueses emigrados na Europa”, adiantou.
Quanto aos conteúdos da revista, o diretor de informação disse que incluirá “reportagens, um pouco maiores, mais aprofundadas” e artigos de opinião, abordando, em ambos os casos, “assuntos que dizem respeito à comunidade de leitores”, no Brasil, em Portugal e em África.
Já o site incidirá “mais sobre serviços, matérias que atendam o dia a dia das pessoas”, ou seja, matérias mais informativas, que permitam ao imigrante ter acesso a determinados assuntos sobre os quais ainda não está informado, adiantou.
Para Nonato Viegas, a função do projeto Brasil Já é, assim, “complementar os veículos portugueses, que já tratam e se esforçam para cobrir temas de interesse de imigrantes”.
A revista vai ser lançada com uma tiragem de 10.000 exemplares, uma parte dos quais, 3.000, vai para as bancas, e o resto, nesta primeira edição, vai ser distribuído como oferta aos órgãos de comunicação social, entidades públicas, associações de imigrantes, associações de defesa dos direitos humanos, para a “tornar conhecida”, explicou o seu responsável.
Ao longo de um ano, “a expetativa dos acionistas é que esteja equilibrada”, ou seja, “3.000 vendas nas bancas e o resto assinaturas”.
Para controlar os custos, o projeto começa com uma redação pequena, com apenas três pessoas contratadas e uma rede maior de colaboradores e ‘freelancers’, especialmente no Brasil, em Portugal, mas também noutros países, acrescentou.
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