“Pretendemos chegar a todo o público”, desde bebés a idosos, sem esquecer “as acessibilidades físicas, intelectuais e sociais”, explicou à agência Lusa José Pires.
Integrados desde 2022 na Rede de Teatros com Programação Acessível, os dois teatros vão continuar a apresentar espetáculos preparados para espetadores com necessidades especiais, na lógica de “chegar a todos os públicos”, com oferta potenciada pela audiodescrição e tradução em língua gestual portuguesa.
“Lado a lado com estes projetos, que servem para corrigir assimetrias, também teremos uma programação dirigida ao grande público”, sublinha.
O Teatro José Lúcio da Silva (TJLS), que assume a gestão do Teatro Miguel Franco (TMF), mantém para 2024 “a mesma matriz de programação diversificada e não assente numa área artística maioritária”.
A novidade é que, depois do apoio conseguido para a programação do TJLS no âmbito da Rede de Teatros e Cineteatros Portugueses (RTCP) para 2022-2025 — 1,6 milhões de euros, suportados pela DGArtes e pelo município -, a partir de 2024 também o TMF terá financiamento da RTCP, com uma dotação de 400 mil euros para programação até 2027.
Num balanço de dois anos de apoio da RTCP ao TJLS, José Pires realça a possibilidade de, desta forma, ter “espetáculos patrocinados”.
“Na sua maioria não são transversais a todos os públicos e por isso é que são patrocinados”, o que permite, “sobretudo aos espetadores mais atentos, proporcionar conteúdos artísticos que sejam disruptivos com o dia-a-dia das nossas vidas”, contribuindo para “o pensamento crítico”.
“Há muitos espetadores que já estão a aproveitar esta vinda a Leiria de espetáculos diferenciadores, que só enriquecem o capital humano das gentes do nosso território”, acrescenta.
Outras vantagens têm sido “a capacitação dos profissionais dos teatros”, com “inédita troca de opiniões e sugestões nas mais diversas matérias”, e a oportunidade de colocar “os artistas de proximidade local a trabalhar com artistas com outra experiência profissional”.
José Pires lembra o exemplo da Orquestra Jazz de Leiria, que em 2023 atuou com Kurt Elling no TJLS e que se prepara para, no dia 09 de março de 2024, ser dirigida pela maestrina e compositora norte-americana Maria Schneider, vencedora de sete prémios Grammy.
Entre a restante programação, o destaque vai para propostas preparadas para assinalar os 50 anos do 25 de Abril, com “múltiplas dinâmicas nas salas e em espaço público”.
São os casos, entre outros, da peça “Uma ideia de justiça”, no dias 11 e 12 de janeiro, do reencontro entre Vitorino, Janita Salomé e a Orquestra Filarmonia das Beiras no dia 24 de abril, na Praça Paulo VI, ou da ópera subordinada à Revolução dos Cravos, a apresentar em outubro.
O diretor realça ainda o espetáculo que assinala o centenário de Mário Soares, “É tão bom mandar”, no dia do seu aniversário (07 de dezembro); o espetáculo de dança “Bantu” (17 de fevereiro); a peça “O fim”, a partir de texto de Gonçalo M. Tavares (23 de fevereiro); ou, ainda no primeiro trimestre, os concertos de Jorge Palma (15 de janeiro), Jozef van Wissem (20 de janeiro), Tim Bernardes (28 de janeiro) e Moonspell (29 de março).
Em 2024, o responsável aponta ainda a importância da parceria estabelecida com o Teatro Nacional D. Maria II para acolher em Leiria o Festival Panos, entre 17 e 19 de maio.
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